Monday, February 16, 2009

Solipsismo


Solipsismo. É isso. O céu, o mar, as estradas ou até estas teclas não passam de uma fantasia. Nada é real nem nunca foi. Um imaginário forte polvilhado de variedade deu origem à grandiosa ilusão do espaço e do tempo. Isto não está a acontecer.

São demasiadas as coincidências para que isto não seja um mero reflexo da consciência.. do ser, do eu. Eu quem? Quem sou eu ou, melhor dito, quem é o eu? As fortuidades não o parecem ser. A cadência e repetição do que deveriam ser meros acasos não o deixam ser - não pode.

Personagens não faltam para conferir realismo à realidade, pois a conveniência assim o exige. Há as de todo o tipo. Em dois extremos opostos são de destacar os adjuvantes e os anti-heróis, ambas as categorias por padecerem de uma profundidade psicológica que lhes conferiria mais existência, mais consciência. Mas eles não necessitam disso - estão ali para facilitar o caminho do eu ou bloqueá-lo, respectivamente. A sua perfeita mobilidade de entrada e saída de cena convém à história e indicam-nos que o seu relevo no desenrolar da mesma não é de todo importante. Odeio os anti-heróis, pois não têm qualquer propósito senão o de dificultar a vida às outras personagens. É mais uma prova, eles não podem ser reais. É claro que precisavam de um objectivo e uma vida para serem mais do que meras congeminações de uma entidade que os ficcionou. Já os adjuvantes funcionam como uma bengala imaginada para a tormenta ser ultrapassável, ou pelo menos achar que se tem possibilidade de tal. É difícil esquecê-los por aquilo que representam, mas também custa saber que não passam de um devaneio psicótico.

Solipsismo é o tudo que afinal é nada, e vice-versa.